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África: os dramas do continente amaldiçoado pela sua riqueza.


As imagens de pessoas morrendo afogadas no mar, ou mesmo de botes recheados de subnutridos, chocam o mundo inteiro. É a chamada crise migratória do século XXI. Entretanto, apesar do impacto, o mundo parece dar as costas para o lugar de onde saem a maioria dessas pessoas: o continente africano. É o que denuncia o missionário italiano Alex Zanotelli. “As riquezas da África são a sua maldição”, dispara. “A África é o continente crucificado”, completa. Segundo ele, “a riqueza está cada vez mais nas mãos de poucos, apesar das massas populares cada vez mais empobrecidas. Aumentam as guerras e os conflitos armados, razão pela qual milhões migram buscando uma vida melhor”.

Zanotelli, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, explica que a miséria é fruto da exploração de outros países aos recursos naturais de países africanos. Isso resulta em desigualdade econômica e violência, ainda recrudescidas pelas tradições tribais e por governos ditatoriais. O mais triste é que os países que complicam a realidade africana são os mesmos que fecham as portas aos imigrantes. “O desafio das migrações na Europa deveria ser relativizado, quando se sabe que 86% dos migrantes são acolhidos hoje pelos países empobrecidos do mundo”, propõe. “Quão provável é que a Europa, com mais de 500 milhões de habitantes, não consiga acolher 200 mil migrantes por ano que chegam a ela? É o crescente racismo na Europa, fomentado por partidos xenófobos, que leva a rejeitar os migrantes. No entanto, a Europa é uma região que está envelhecendo e que precisa de novos trabalhadores”.

Alex Zanotelli é italiano, missionário comboniano, atuou por oito anos no Sudão, na África. Por quase dez anos, foi diretor da revista Nigrizia, publicação italiana que era referência em assuntos africanos. Também atuou em favelas que cercam Nairobi, no Quênia, onde fundou pequenas comunidades cristãs e cooperativa de reciclagem. Ainda atuou em Udada, comunidade com problemas de prostituição, e também lutou por reforma agrária, tema-chave da política do Quênia. Atualmente é diretor do Mosaico da Paz, revista mantida pela organização italiana de Pax Christi – o Movimento Internacional de Paz Católica, que aborda temas relacionados ao meio ambiente, não violência, desarmamento, diálogo inter-religioso pela paz, economia da justiça ,entre outros.



os dramas do continente africano. fonte


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